Quarta internacional

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sábado, 7 de maio de 2016

O PT só capitulou

                                         por Mário Medina
A notícia do momento no planalto é a insistência de membros do governo para que a presidente Dilma renuncie ao cargo e convoque novas eleições. Agora, na iminência da admissão do pedido de impeachment no senado, o que afastará Dilma da presidência por um período de seis meses, para posteriores investigações e julgamentos, o núcleo duro de Dilma pretende convencê-la a desistir do mandato convocando o povo às urnas novamente. Essa seria a última cartada petista diante do golpe e recolocaria Lula no páreo. Antecipariam assim um quadro que já estaria praticamente dado pra 2018: Luís Inácio candidato ao planalto, o último baluarte petista no sonho de permanecer como governo.
Lançar mão de novas eleições agora também seria uma forma de candidatá-lo à presidência antes que fosse preso. Os observadores mais perspicazes já perceberam que a jogada da oposição de direita é criminalizar Lula e inviabilizá-lo eleitoralmente.
Há dois, três meses atrás eu dava como certa a resistência petista diante da ofensiva golpista. Para mim era tão certo como dois e dois são quatro que o PT colocaria a massa dos movimentos sociais na rua pra impedir o avanço do impeachment.
Mas o PT capitulou vergonhosamente. Verdade seja dita, capitular é tudo que o PT tem feito no último período. Capitulou à mentira descarada pra levar a eleição presidencial de 2014, capitulou aos desejos do mercado financeiro e elevou a taxa de juros antes da primeira semana da vitória nas urnas, continuou capitulando aos propósitos elitistas e efetuou retrocessos o quanto pôde para agradar às elites e evitar ser destituído do poder por elas.
Agora, quando finalmente a agudez da conjuntura prometia inclinar o PT a tomar medidas de força pra se garantir, vejam só, este desiste do enfrentamento e capitula à alternativa mais covarde. Tudo indica que o PT mais uma vez se renderá ao mais convencional cretinismo.
Enquanto isso, longe dos acordões de gabinete e das opulentas mesas de negociação brasilienses, o povo amarga uma taxa de desemprego que ultrapassa os dois dígitos. São mais de 10 milhões de desempregados correndo contra o tempo, milhares de famílias contorcendo suas rendas pra não cair na inadimplência, no cheque especial, nos juros escorchantes dos cartões de crédito. Enquanto Dilma dispõe dos últimos dias como presidente, enquanto Temer se vê às voltas com todo tipo de político picareta se postulando a alguma pasta ministerial, enquanto isso, pasmem, companheiros, o povo pobre se mata de trabalhar pra conseguir pagar as tarifas impostas pelo oneroso sistema neoliberal em que vivemos.
Não podemos esperar mais nada do PT, que padece em severa agonia. Tampouco podemos imaginar que as coisas serão mais fáceis daqui pra frente. O jeito é se preparar pro choque que será o governo Temer, em que teremos de combater duramente por nossos direitos.